Quem é da área da Educação já ouviu falar dos quatro (4) pilares básicos da Educação, termo cunhado por Jacques Delors. No relatório encomendado pela UNESCO, elaborado em conjunto por uma comissão internacional sobre a Educação para o século XXI, Delors apresenta os pilares necessários “para enfrentar os desafios” deste século, a saber:
- Aprender a aprender;
- Aprender a fazer;
- Aprender a viver juntos;
- Aprende a ser.
Para ler o relatório na íntegra clique AQUI. O texto “Os quatro pilares da Educação“, de Jacques Delors, inicia-se na página 89.
Nesta postagem, vamos refletir sobre o APRENDER A APRENDER, tão necessário neste século de grandes avanços digitais.
Precisamos nos esforçar para aprender ao longo de toda a vida, com os livros, com as informações digitais (com cuidado para não ser enganado por notícias falsas-fake news), aprendemos com os relacionamentos interpessoais familiares, no trabalho, com amigos etc.
Porém, chega uma época em que o acúmulo de conhecimento cansa. Sabemos muita coisa, mas são tantas as impossibilidades para se colocar tal conhecimento em prática que acabamos por nos frustar, nos desanimar e nos questionamos: valeu a pena tanto esforço na aquisição dos saberes?
De antemão já respondo: sempre vale!!!
Tanto vale APRENDER A APRENDER, quanto aprender a desaprender.
Apresento a vocês o texto de Martha Medeiros que traz uma válida reflexão sobre o assunto:
Aprendendo a desaprender
Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender… praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito “sabe-tudo”. Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia,é melhor acreditar no poder da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os dias passam cheios de oportunidades.
A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.
Algumas vezes, precisamos mesmo reavaliar nosso caminho, voltar ao marco zero (como expressou Martha Medeiros) e também refletir sobre a palavra que Jesus deixou para Nicodemos (pessoa letrada, de conhecimentos profundos, homem justo, culto, conhecedor das escrituras, pessoa que se preocupava em aprender): “É necessário nascer de novo.” João 3:1-12
Como assim nascer de novo?
Nascer de novo: morrer para os valores que regem a atualidade (egocentrismo, injustiças, etc) e deixar os valores propostos por Cristo (justiça, perdão, amor ao próximo) fazer parte da sua rotina, um renascimento por metanoia (mudança de mente).
Nascer de novo: reavaliar nossas escolhas, nossos interesses, nossos sonhos, voltar atrás, redefinir nossos passos e buscar um agir de justiça e equidade não só para você mesmo ou para os seus, mas também para os que estão ao redor.
Em conjunto, os três textos (de Delors, de Martha Medeiros e de Jesus) nos impulsiona a continuar aprendendo.
Jacques Delors nos estimula a exercitar nosso pensamento, nossa memória, adquirir conhecimento, estimular nossa criatividade para transpor os desafios que nos são impostos quase que diariamente.
Já Martha Medeiros nos adverte sobre a importância da pausa no aprendizado para reflexão e reavaliação, dando-nos condições, com isso, de aprender a lidar com os embates da vida.
Por fim, Jesus nos convida a uma nova maneira de viver e aprender: com novos valores, com os valores divinos, que abençoa a nós e aos outros com quem convivemos, para isso, faz-se necessário conhecer tais princípios por meio da leitura da Bíblia.
E aí? Em qual tempo você se encontra? Tempo de aprender ou tempo de desaprender?
Referências bibliográficas:
A BÍBLIA. O encontro de Jesus com Nicodemos. João 3:1-12. Nova Versão Internacional. NVI® Copyright © 1993, 2000.
MEDEIROS, Martha. Aprender a Desaprender. In Montanha-Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003.
UNESCO. Educação – Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília, Cortez: 1998.
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(Publicado por Letícia e Patrícia Miranda, em 18 de julho de 2019).