A Inteligência Artificial (IA) chegou e está gerando impacto em toda a sociedade, causando deslumbramento e atenção. Deslumbramento, pois ficamos admirados com a facilidade com que a IA executa tarefas que antes eram complexas e demoradas, com um simples comando (prompt), a solução para o desafio, questões, dúvidas está pronta. Por outro lado, todo este desenvolvimento tecnológico precisa nos deixar atentos, pois muitas mudanças estão para chegar a partir de toda essa evolução dos softwares que são cada vez mais potentes e acessíveis à população, tanto para os de boa índole quanto para os que têm problemas de caráter e, com isso, os golpes e fake news ficam cada vez mais difíceis de detecção.
Em conversa com alguns colegas professores sobre o futuro da educação nesse cenário, fiquei pasma em ouvir os relatos. É claro que este tema é bastante amplo e não estou aqui para esgotar todos os argumentos e perspectivas sobre o assunto, mas sim trazer as percepções iniciais a partir das experiências de professores que atuam no chão da escola.
Uma professora, que atua comigo na escola pública e também trabalha em um colégio particular de classe média alta, relatou que toda semana os alunos da escola recebem 5 questões de cada disciplina, como dever de casa, que compõem uma das notas finais do trimestre letivo. Pensa comigo: “Que fácil! Se sou eu coloco no Google, peço ajuda para o Chatgpt e pronto, gabarito todas as questões.” Mas pasmem, muito raro alguém gabaritar.
Conversando sobre isso, chegamos a algumas possíveis razões: os alunos fazem esse dever de casa apressadamente, de qualquer jeito, para sobrar mais tempo livre para eles fazerem o que quiserem; os pais, talvez, não permitam o uso da internet para resolver as tarefas de casa OU eles não sabem fazer pesquisas na internet, não sabem dar os comandos (prompts) para a IA ajudá-los a resolver as questões.
Uma coisa é certa, esses alunos, de modo geral, usam a internet para jogos e redes sociais (instagram, tiktok etc), sobre isso eles são experts e até dão aula, mas para apresentar algum trabalho na escola: digitar texto no word, utilizar uma planilha, fazer uma apresentação ou fazer uma pesquisa deixam muito a desejar.
Isso pode estar ocorrendo, por falta de perspectiva de futuro e de observação da realidade que os cercam. Eles não veem os conteúdos escolares como relevantes. Em tempo de influencers ganhando muito dinheiro na internet e sem precisar ter diploma, estudar não faz muito sentido, pois estudar é cansativo e trabalhoso, postar vídeos é bem mais divertido. Muitas das falas que se escuta nas escolas são: “Farei faculdade particular, meus pais vão pagar, não vou me matar de estudar aqui na escola”; “Vou ser influencer, não quero fazer faculdade”.
Agora, voltando o nosso olhar para o papel do professor em tempos de IA, a dinâmica escolar, creio eu, mudará um pouco. O conhecimento está acessível nas mãos dos alunos, em qualquer celular com internet, então o professor continuará sendo um facilitador, dinamizador e orientador, não mais agirá somente como apresentador dos conteúdos necessários e relevantes para vida em sociedade, pois já está tudo na internet, é só pesquisar. O grande desafio para os professores será selecionar os conteúdos relevantes para passar para os alunos e incentivá-los à pesquisa, orientando-os a como fazer isso em sites confiáveis.
Você pode estar se perguntando: “Ué? Mas celular não é permitido nas aulas”.
Sabe por que os celulares foram proibidos nas escolas? Porque os alunos gastam o tempo da aula nas redes sociais, enviando mensagens, ouvindo música…, ou seja, para se distrair. Eles não têm maturidade para dividir o tempo de lazer e estudo, então, essas regras proibitivas são necessárias. Porém, é importante educar essa geração de futuros profissionais para atuar no mundo virtual, fazer pesquisa e buscar soluções com a tecnologia disponível.
Espero que tenhamos ainda quem almeje alguma profissão que não seja a de “influencer digital“. (rsrsr)
O tempo sem celular, na escola, serve para desintoxicar de estímulos desnecessários que as redes sociais trazem e incentivar companheirismo, respeito, o saber trabalhar em grupo e outras habilidades tão necessárias nas mais diversas funções sociais.
Especialistas dizem que em 2030 as diversas relações sociais e de consumo já não serão as mesmas, sofrerão muitas modificações. A geração dos nascidos a partir de 2025 (Geração Beta) vivenciará as transformações trazidas pela Inteligência Artificial.
A título de curiosidade, vou deixar registrado aqui como os especialistas nomeiam as diferentes gerações e como elas vivenciam os avanços tecnológicos:
Baby Boomers, nascidos entre 1946 e 1964, vivenciaram o crescimento dos países pós-guerra;
Geração X, nascidos entre 1965 e 1980, primeira geração a crescer com computadores pessoais;
Geração Y, nascidos entre 1981 e 1996, vivenciaram a revolução digital;
Geração Z, nascidos entre 1997 e 2009, são os nativos digitais que não conheceram o mundo sem internet;
Geração Alpha, nascidos de 2010 a 2024, primeira geração do século XXI a vivenciar a inteligência artificial, a tecnologia digital está presente desde o nascimento.
Geração Beta, nascidos entre 2025 a 2039, viverão em um mundo totalmente digital e orientado pela IA.
A escola trabalha formando pessoas para atuação em uma sociedade em constante transformação. Os avanços tecnológicos têm mostrado que a frieza das máquinas não aquecem os corações, então, precisaremos aprender e ensinar a dominar a arte das relações interpessoais: do afeto, do respeito, da gentileza no trato, da convivência harmônica, saber lidar com a exposição às redes sociais e tentar amenizar seus malefícios.
Além disso, precisaremos voltar o olhar para a natureza de onde vem o alimento, a água, o ar puro, os animais, as fontes de energia e para onde podemos ir a fim de nos desconectar do mundo virtual e manter a saúde mental.
A IA sabe de tudo e mais um pouco, mas nós precisamos escolher usá-las como instrumento facilitador ou podemos adoecer em nossas emoções, por falta de calor humano expresso nas relações sociais.
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(por Patrícia Miranda Medeiros Sardinha, em 30 de maio de 2025)