Desde que começamos a trabalhar com a disciplina PROJETO DE VIDA, temos visto/ouvido histórias incríveis de perseverança, autodisciplina, resiliência, foco e engajamento rumo à realização de sonhos.
Resolvemos deixar registrado as histórias que tomamos conhecimento para incentivar outros a alcançar seus objetivos também.
A história de Jayene é tão surreal que parece cena de filme, mas ocorreu na cidade de Niterói, RJ. Ela, aos seus 34 anos, trabalhando como auxiliar de serviços gerais em um hospital particular, decide que seria advogada e nada conseguiu tirar isso da cabeça dela.
Com 3 filhos, morando a quase duas (2) horas de distância do trabalho, por conta do trânsito, Jayene resolve voltar a estudar e terminar o seu ensino fundamental. Para isso, procurou o colégio CEJA, que fica próximo ao seu trabalho. Um colégio de sistema semipresencial (antigo supletivo), onde o aluno pega as apostilas, para estudo autônomo, e vai à escola pedir orientação ao professor sobre algum conteúdo e realizar as provas das diferentes disciplinas. Ela frequentava a escola no horário do seu almoço, tirava suas dúvidas e fazia as avaliações. Em suas férias do trabalho, ela, praticamente, se mudou para a escola. Ficava lá o dia todo, estudando, tirando as dúvidas e realizando as avaliações. E foi assim que conseguiu chegar ao Ensino Médio.
Já no Ensino Médio, o foco continuava, saia do trabalho na hora do almoço e após o expediente, ia para a escola, tirava suas dúvidas com o professor e fazia as avaliações.
Ela passou pelo PROJETO DE VIDA, disciplina que compõe o novo Ensino Médio, e escreveu que seu sonho era ser juíza. Já estava tudo definido, seria advogada e continuaria estudando magistratura para alcançar o seu objetivo. Chegou a levar uma coleção de livros de Direito que ganhou, já estava lendo os livros para se ambientar com o vocabulário jurídico. Sempre muito determinada.
Lembro-me, certa vez, que eu estava na sala de provas, no lugar de outra professora. Ela chegou para realizar uma prova de matemática. Ela estava com o celular na mão. Falei com ela que seria necessário guardar o celular para fazer a prova. Ela respondeu: “Professora, você já viu uma pessoa que quer ser juíza colar na prova? Estou focada, professora, eu sei onde eu quero chegar.” Ela riu para mim, sempre muito simpática e guardou o celular.
Admirável a determinação, a desenvoltura em se comunicar e a simpatia com que ela trata a todos.
Foi no início do mês de abril, do ano de 2024, que ela conseguiu terminar o Ensino Médio. Mas isso não é tudo. Lembra do sonho de ser juíza? Vamos chegar lá.
Ela estava andando pela avenida Amaral Peixoto, conhecida rua no centro de Niterói, em direção a uma mulher bonita, bem arrumada, as duas pararam para esperar o sinal de trânsito. Enquanto isso, ela saudou a mulher com um “bom dia”, sempre muito simpática, e elogiou a roupa que a moça estava usando, dizendo “Você está muito bem arrumada, você deve ser uma advogada. Um dia eu serei uma advogada também.” A mulher agradeceu o elogio e disse que podia ajudá-la com os estudos. Pediu o telefone dela e disse que entraria em contato. Ela pegou o WhatsApp da moça, mas sem muita expectativa.
Não passou muito tempo, ela recebe uma mensagem que dizia que ela havia conseguido uma “bolsa de filantropia” de 100% em uma universidade particular da cidade de Niterói. A mensagem veio com um áudio do próprio reitor pedindo para ela separar os documentos escolares para fazer a matrícula no curso de Direito que se iniciaria no segundo semestre de 2024.
Jayene contou tudo isso com muita alegria e emoção, dizendo: “Professora, Ele (apontando para o céu) preparou tudo, e não foi só isso. Você sabe, né, eu converso com Deus assim como estou conversando com a senhora, falei com Ele que não estava combinando mais com este uniforme de serviços gerais, estava agradecida por ter um emprego, mas que, com o diploma de ensino médio, eu gostaria de trabalhar em outra área.”
Com muita emoção, ela me mostrou um e-mail de uma empresa que ela havia se cadastrado para ser recepcionista, chamando-a para se apresentar. “Fiz o cadastro com fé, escrevi lá que já tinha ensino médio, na época não tinha ainda, mas fiz a minha parte e consegui terminar para poder apresentar o diploma neste trabalho e agora também na faculdade de Direito!!! Deus é muito bom, professora!!”
Um relato emocionante, não é mesmo?!
Ficamos muito felizes em sermos testemunhas de projetos que saíram do campo das ideias, foram escritos em papéis, se transformaram em pequenas ações diárias rumo a um objetivo e realização de um sonho.
Jayene ainda precisará percorrer uma jornada de no mínimo 5 a 6 anos para ser uma advogada e mais um tempo pela frente para se tornar uma juíza, mas o caminho está traçado e, com certeza, não faltará determinação para alcançar o PROJETO DE VIDA dela.
Nós desejamos muito sucesso para você, Jayene. Que a sua simpatia, cordialidade, determinação continuem abrindo portas e que você seja uma advogada/juíza diligente e justa na avaliação e nos procedimentos dos processos.
(Por Patrícia Miranda e Letícia Medeiros, em 09 de abril de 2024)
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Nossa!!!! Que história linda.
Muito feliz em conhecer toda a a equipe do ceja Niterói.
Lá eles acreditam em nossos sonhos e não nos tratam com a indiferença de sermos negros, gays, ou se somos camelô, ou auxiliar de serviços gerais, lá no ceja somos todos humanos , e com valor e sem distinções de raça , gênero, ou etnia.
Parabéns!!! aos Diretores da unidade que tem entregado uma excelente gestão com muita paciência e esforço.
Parabéns à todos os Professores
Sem vocês o mundo nao teria graça alguma.
Profesor é um guardião da sabedoria 🥺.